Gostomesmo é de diários. Masnãoessesdiários cibernéticos que a gente pensa alguma coisa na rua, matuta, viaja na maionese e aquilo tem queficar na cabeçaaté a horaque chegaremcasa, ou estiver na frente de umcomputador, pracomeçar a verborragia. Nãoesses cibernéticos emque o ambiente de inspiração é, basicamente, sempre o mesmo. Nãoessesemque a genteapenasconta o que aconteceu hj, no melhorestilo ‘queridodiário’.
Diárioque é diário é aquele de papel. Não tem cadeadozinho na frente, nem a figurinha da Hello Kitty, nem é rosa. É aquele caderninho velho e surrado, que a gente ganhou de brindemesmo, ou comprou no aeroporto, jáprestes a embarcarpara aquela viagem. Diário é o que a gente escreve comletrafeia quando ta compressa, letra tremida quando ta triste, letragrandequando tá alegre, diárioque é manchadinho porque caiu uma lágrimabememcima da canetaaindafresca, ouporcausa daquela rodelinha da xícara de cháou de café, amassado porque a gente teve umsurtopsicótico e queria destruir o universo, diárioque tem aquelecheiro, que a gente coloca aquelebilhete, aquelepapel...
Diário a gentenãoprecisachegaremcasa, a gente escreve ali, na horaque dá, na horaquequer.
Impagável foi entrarali, olhos mareados, respirarfundo,dardoispassos à frente, encostar na mureta e escrever: “Agora estou no Coliseu”. Impagável foi sentar num café, no topo de Santorini, olharaqueledespenhadeiro, as casinhas brancas e escrever, e olhar a paisagem, e escrever, e olhar o céu, e pensar, e deixarque as idéias surjam, e sorrirsozinha, e escrever... Impagável foi registrar, emtemporeal, queeu estive a ponto de destruir Pompéia com minhamania de pegaremtudo o que é monumento, tudo o quegrande (tocar, praver se é de verdade, sabe?), ao ver uma pedrinha que estava ali, resistindo bravamente há quase 2.000 anos, se desprender do muro e cair aos meuspés, enquantoeu, ops!, fazia cara de paisagem, assobiava e me afastava sorrateiramente. Impagável foi dormiremalberguesmundoafora e saberqueeutinhaessa companhia, uma únicacompanhia. Quequalquercoisaque eu precisasse ele estava ali, meudiário, sempre a postosparaajudar.
Agoraeu escrevo essas mal traçadas linhas - comobem diz minhamãe -, porque a gente, vezououtra, tem que se adequar, né?
Partonovamente. Mas agora tenho duas companhias. Tá bom, tá bom... Tenho um monte de companhias, mas somos, basicamente,eu, ele (o diário) e esse blog quevosfala. Puxando Cabelo. Porque Gil me dizia, láem Londres, que, vezemquando, quandonos sentíamos longe, a gente ficava puxando o cabelo... Ele puxando o cabelo no meumicro system (uau!), eu dançando, puxando, balançando, arrancando, sacudindo o cabelo. E ouvindo. Over and over again. Ave Gil! Valeu pelaforça!
Assim, como a minharelaçãocomele (o diário) é pessoal e restrita e, apesar de seremtemporealpramim, nunca chegou a qq um de vcs, apresento-lhes Puxando Cabelo: peripécias, aventuras e desventuras de uma baiana amalucadaquenão cansa de tentarconquistar o mundo!!!
Sentem, relaxem e comentem. Porque se a galeranãovisitar, eu paro de escrever nessa joça, hein???
Beijos cheios de saudades e esperando visitas!
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E a letra da música de Gil, pra quem não conhece:
Back in Bahia - Gilberto Gil
Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo
Nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair
Naquela fossa em que vi um camarada meu de Portobello cair
Naquela falta de juízo que eu não tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal, de sol, de coração pra sentir
Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim
Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto do mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei deparar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá