terça-feira, 30 de março de 2010

Senhor, perdoai-me

Porque eu pequei.

Mas eu não tive culpa. Juro!

É que dessa vez, Senhor, eles vieram pra dentro do trem do metrô. Dentro, Senhor! Bem atrás da cadeira onde eu estava sentada!

Eram dois. Cada um tinha um acordeão e um deles levava um amplificador. Tocaram clássicos de Frank Sinatra.

Senhor, eu juro, o risinho no canto da boca, o pezinho balançando embaixo do banco ao compasso da música, foi tudo involuntário, foi instintivo. Eu não queria!!!

Mas Senhor...

(...)

Foi bom.

Eu gostei.

:-S

segunda-feira, 29 de março de 2010

Do catalão

Falar catalão é fácil.

Só pra vocês terem uma idéia, a sensação que tenho é de que caiu a ultima letra de todas as palavras nos letreiros das lojas e nas placas. Nada que não tem a última letra pode ser difícil, não é? Pois sim.

Então, para falar catalão, a receita é simples:

- Junte, em uma tigela grande, as línguas castelhana e francesa. Mexa bem, bastante, até ficar com uma consistência ininteligível.
- Adicione uma pitada, bem pequena, da língua italiana.
- Tire a última letra de todas as palavras.
- Adicione sal a gosto.

Voila.

Aí você tem um delicioso e bem falado catalão.

Belezinha, hein?

Pode praticar em casa. Não tem risco nenhum e te ajuda se você passar por Barcelona e arredores...

De artistas de rua e esmolinhas

Artista de rua tem no mundo inteiro, mas muito mais na Europa. Não sei se por conta da crise, porque se ganha bom dinheiro fazendo arte na rua, por falta do que fazer em casa depois do expediente, vontade de dar uma de estátua em Las Ramblas, não sei. Fato é que vc tropeça neles por minuto vestidos de pedra (pedregulho, até) e estátuas de pedra, rainhas e reis, tocando acordeão, violino, flauta, harpa...

Anteontem vimos aqui no bairro de Gràcia, em Barcelona, uma ‘bandinha’ de rua que consistia em: três saxofones, duas cornetas, dois trompetes, um clarinete, um reco-reco (?), um bumbo-prato-e-outra-coisa-que-não-sei-que-fazia-percussão. 10 pessoas. Dez. Dez artistas de rua. Uma banda inteira! Animadíssimos. Abaixavam e levantavam, animavam a criançada, corriam com seus enormes instrumentos por entre a audiência...

Ontem vimos um grupo de Flamenco no bairro de Barceloneta: um guitarrista flamenco, uma cantora (e pseudo dançarina), um cajón, um bandolinista (o instrumento era outro, mas não sei o nome), um ‘vendedor de discos’. Cinco pessoas. E um cachorrinho branco sentado no colo do bandolinista que quase me fez cometer suicídio por não ter levado a câmera. Ou seja, seis bocas para alimentar.

Não tem esmola que aguente.

Eu mesma, não dei dinheiro nenhum ainda. Não que eu ache que eles não mereçam. Na verdade eles se utilizam de uma tática manjadíssima, mas que me consome. Explico. São muito bons artistas, muito bons mesmo. Os músicos, então... Andar pelo centro de Madrid, no meio de uma confusão de turistas e madrileños, e ouvir música clássica, eu vos digo: mastercard.

*Em tempo: se não me engano eram dois violinos, um violoncelo e mais alguma outra coisa. Vi de longe, mas, por baixo, quatro.*

O meu problema é que, simplesmente, no tengo plata. Já disse antes: NO. TENGO. PLATA. E a tática deles consiste em, justamente, me matar aos poucos, diariamente, de culpa por adorar ouvir cada coisa que eles tocam. O pior é que, pra não me sentir obrigada a esvaziar, pelo menos, o compartimento de moedas da carteira, tenho que passar correndo, com a mão nos ouvidos dizendo “Não! Não! Não! Vocês não conseguirão me convencer!” (Desconfio que essa cena seja um show à parte, dado ao fato de que, às vezes, até jogam umas moedinhas pra mim...).

As pessoas se instalam ali, no meio da Plaza Mayor, em Las Ramblas, no metrô, eu TENHO que ouvir. Sou obrigada a ouvir. Compelida!

(...)

Ai, Deus!!!! Graças a Deus que eu ouço!!!!!! E morro de remorso por não poder dar o dinheirinho a eles... Eles jogam com a minha culpa! Ficam bem ali, onde sabem que eu vou passar, sabem que é impossível não gostar, sabem que vão me deixar culpada!

No dia que eu for rica, vou bem distribuir dinheiro a artistas de rua mundo afora. Agora, ainda, não, mas quando eu for rica...

sábado, 27 de março de 2010

A frase do final de semana, é:

Ritmoooooo
Ritmo de la nocheeeeee

Ritmoooooo
Ritmo de la nocheeeeee

Ritmoooooo
Ritmo de la nocheeeeee

E repete ad infinitum.

Alguém aí se habilita a descobrir que musiquinha é essa da qual estou falando?

Um cartão postal personalizado pra quem adivinhar. Coloque seu endereço no comentário.

Se vc descobrir, também, onde eu ouvi a musiquinha, ganha um postal e um kit kat!

Estão abertas as apostas!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ponto para Paris

Esse costume de ter um café em cada esquina que vem sendo disseminado em Salvador é uma grande evolução em termos de civilidade. Independente de se gostar de café - espresso, carioquinha, capuccino - há que se gostar de frenquentar cafés. Nem que seja pra tomar chá. Ou, vá lá, refrigerante mesmo. É uma delícia ir a um café para um bom papo com um amigo, levar um livro pra ler enquanto espera, olhar as pessoas que frequentam cafés...

No meu caso, ir a cafés é uma pausa para respirar a cidade. Em Madri faltam cafés. O que se vê nas ruas são cafés que também são cervecerias, e nos quais se permite furmar - o que estragaria qualquer coisa, mesmo que fosse um charmosíssimo café.

Daí que eu saio, toda faceira, a conhecer a cidade. Ando pelas ruas, admiro, olho pro alto... e na hora de sentar pra digerir tudo isso, de injetar cafeína nas veias pra seguir, nenhum café à vista. Triste isso. Acho que a cidade perde grande parte do seu charme quando nela faltam os cafés. Neste quesito, ponto pra Paris. Em Madri faltam os cafés.

Ainda não sei o que sobra em Madri, na verdade. O que há de se diferenciar, de se admirar, de se querer voltar. Madri me parece só mais uma cidade européia em que falta algum charme. É uma boa cidade, mas falta...

Então, é isso. Tô meio sem conseguir terminar esse post, então publico assim mesmo. Azar. Se eu, que sou eu, não estou acabada, o que dirá de um mero post...

;-)

Ação!

A cena sou eu sentada numa cama de casal que fica no segundo andar (do quarto, mesmo, não de uma casa), o computador, 3 livros por ler, um diário de viagem por escrever, agasalhos, trvesseiros, cobertas.

A cena sou eu. Enfim, eu. Que chego em algum lugar e tenho que começar. Começar a minha vida. A minha vida de férias de trabalho, férias do Brasil, férias dos antigos costumes e hábitos. Férias.

Cheguei em Barcelona e tenho uma cama que fica no segundo andar de um quarto. É assim, uma cama no segundo andar. A parte de cima de um beliche, mas de cama de casal e que não tem primeiro andar. De acordo com minha roommate Carol, um útero materno - talvez por isso tenha dormido 14h na primeira noite em que estive aqui...

Começar sua própria vida de novo (e de novo, e de novo, e de novo...) é meio aterrorizante, assim que paralisei de ontem pra hoje e não fiz nada além de dormir 14 horas e ajudar a cuidar de meu roommatezinho Paulo. Mas Barcelona me espera e eu espero Barcelona. Se eu sobreviver ao catalão - língua e pessoas.

Estando na Espanha há 14 dias, tenho muita coisa pra contar, mas me tranquilizo porque as novidades virão com o tempo. Acronológicas. Descronológicas. Ah! Vocês entenderam...

Por ora, é só desfrutar dessa cena. A cena do que sou eu. Agora e pelos próximos... pelos próximos... ahn... sei lá, pelos próximos indefinidos meses. Cena 1, take 1, ação!

Que, dessa vez, eu não fique puxando o cabelo...

;)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ave, Flamenco!


A idéia era fazer uma coisa cronológica. E lógica.

Mas fomos passear o final de semana em Granada e eu, simplesmente, não estou conseguindo organizar logicamente, ou cronologicamente, as minhas idéias. Estou, ainda, em estado de êxtase e sem nem saber por onde começar.

Assim que, por ora, quero registrar que a minha outra vida não foi apenas espanhola, mas também moura. Arriscaria até dizer que houve uma série de outras vidas minhas que se passaram nesta península ibérica e que, em alguma delas, estive em meio aos ciganos que batiam palmas e cantavam num dialeto inidentificável num bar underground de flamenco e jazz que fica num bequinho de Granada. O nome? El Eshavira (se pronuncia essavira). Falha gravíssima minha não saber o que significa, mas isso, decerto, virá em posts seguintes.

MUITO ansiosa pra começar minhas aulas de flamenco.

¡Olé!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Gentileza gera gentileza


Legal foi ontem.

Saímos eu, Juan e Juanjo, seu amigo e roommate argentino.

* O nome de Juanjo também é Juan José, tal qual o meu Juan. Em castelhano abrevia-se todo Juan José por Juanjo (que se pronuncia Ruanrro, tá, gente?). Pra diferenciar os dois, convencionou-se que o meu Juan seria Juan mesmo, o outro, Juanjo. Voltemos. *

Quem me conhece sabe que eu adoro argentinos. De verdade. Acho eles educados e simpaticos, além de achar um povo engajado politicamente e muito civilizado. E a Argentina é linda também. E o Juanjo adora música brasileira (se adora brasileiros, não sei). O engraçado foi que passamos a noite toda destilando elogios ao país do outro e meio que ressaltando os pontos negativos de seu próprio país.

Noite construtiva e saudável entre brasileiros e argentinos.

De cabelos e cigarros


Tenho que dizer: o meu cabelo nasceu para o primeiro mundo. Quer dizer, meu cabelo nasceu para o velho mundo, que acontece de também ser primeiro mundo. Você vê, eu tinha mesmo que acreditar nas duas cartomantes e na minha astróloga: fui espanhola em outra vida, isso está no meu sangue etéreo. Na hora que eu souber bater as castanholas com primor e que perder (porque eu VOU perder) esse sotaque brasileiro ridículo ao falar espanhol,acho até que vão me dar de presente, na rua, a cidadania espanhola. Assim, eu vou estar espanholamente andando e vão me dar a cidadania. Porque eles querem me dar. Isso, óbvio, depois que olharem o meu cabelo e como ele está feliz, contente e radiante com o clima daqui. 

Aí que ontem fui parada por um grupinho de meninas que pediam pra eu assinar um num-sei-quê-lá para beneficiar num-sei-quê. Li rapidamente e vi que se referia a um centro para surdos mudos ou algo parecido. Perguntei: é só assinar??? Quer dizer, perguntei: - És solamente firmar? Pregunté de nuevo: - Sólo firmar, no és??? Me contestaron: - Sí, sí, claro! 

:-/

Firmé.

Aí, claro, embaixo é que tem o "pedido" de uma contribuiçãozinha qualquer, a gosto do cliente. As últimas que tinham lá assinandas eram de 10 e 20. EUROS. Olhem a minha cara de quem vai dar 10 ou 20 euros para qualquer causa que não seja a minha mesma?

Entonces, yo les dije: - Pero no tengo plata! No tengo, no tengo plata!

Me sooooolta, surdinha mudinha dos infernos que FALA e OUVE em polonês!!! NO. TENGO. PLATA.

Foi tanto, que eu dei o dinheiro. Dei $ 2,00. REAIS.

Verdade, gente... Tinha uns reais que eu nem sabia o que ia fazer com eles na minha carteira, eu dei. E só dois. A surdinha mudinha (?), tão lindinha, que elogiou tanto o meu cabelo e disse que eu era guapíssima, quase entra na minha carteira pra eu dar algum dinheiro pela causa surdinha-mudinha-polonesa dela. Pués, dei dois reais.

Pero, por supuesto que ela estava falando a verdade quando elogiou o meu cabelo, porque ele, realmente, BOMBA por aqui.



****


Daí que é bem difícil manter cheiroso esse cabelo lindo. Explico: os espanhóis são conhecidos por fumar muito, como já disse antes. Desde que vim pra cá a primeira vez já sabia da fama deles e, quando estive em BCN e em MDR outrora,  havia me espantado com os cigarros. Andando pela rua, a fim de entrar em algum lugar pra comer umas tapas, sentar e suspirar e tal, paro e dou meia-volta na frente de vários barzinhos porque quase todos estampam, em azul, uma plaquita: SE PERMITE FUMAR. Azul, gente. O contrário de vermelho, que é PARE!, CUIDADO!, a partir daqui, NÃO SIGA!, a plaquita é azul. Azulmente falando, aqui se permite fumar. Azulmente falando - tal e qual a cor do céu, a cor que mandam a gente pintar o quarto para dormir melhor, a cor que traz paz e blablablá - aqui se permite fumar.

* Espaço reservado para uma fotinho da plaquinhas azuis permitindo fumar. Fotinho esta que ainda não tirei *

Agora, quem suspira em meio à fumaça de cigarro? A impotência sexual, né, pessoal. Eu é que não. Assim que estou sendo privada de suspirar em cafés por conta da fumaça. Passo reto e fico com fome bem mais tempo do que seria humanamente aceitável porque tento achar um lugar ao ar livre ou um café "livre de humo" pra sentar e suspirar.

Meu lindo cabelo sofre. Sofre muito, gente.

O frio até que diminuiu, tá fazendo entre 12 e 16 graus, tranquilo, mas nada que peça que se lave os cabelos todos os dias. Dia-sim-dois-não seria perfeitamente aceitável não fosse a nhaca desgramada que fica no cabelo por conta do cheiro do cigarro. E eu sofro por tabela, porque não dá pra lavar o cabelo e sair no frio com ele molhado (estou sem secador...), muito menos lavar e dormir com ele molhado, me restando a opção não lavar e morrer com ele fedendo.

Conclusão: preciso, urgentemente, comprar um secador.


****


Dicas de Iraceminha: vamo lá, sempre que eu vir alguma coisa legal e que ache que vcs precisam saber pra quando vierem à Europa, vou escrever umas dicazinhas. A de hoje é daqui de Madrid e se chama Barrio de Las Letras. 

Madrid não foi uma cidade que me chamou a atenção da primeira vez que vim. Lembrava de muito poucas coisas, alguns flashes e alguns poucos detalhes que me marcaram, mas a cidade, mesmo, não me marcou em nada. Mas hj bati perna por esse Barrio de Las Letras, que é onde morou o Cervantes (autor de Don Quixote) e o bairro é muito lindinho, charmoso, aconchegante e cheio de opções culturais. Pra quem conhece Buenos Aires, se parece um pouco com San Telmo. Não pesquisei preço de nada, mas vi muitos hotéis grandes, hotéis de design (que são a nova onda em termos de vanguarda hoteleira) e albergues da juventude. Decerto que tem opção pra todos os gostos e bolsos. Vale muito a pena se hospedar por lá quando vier aqui. Bem central, à distância de uma caminhada confortável do Parque de El Retiro, da Plaza del Sol, dos museus del Prado e do Thyssen e, como me disse a atendente filipina do bar em que consegui comer sem morrer asfixiada, é bem legal à noite nos finais de semana. Ou seja, é O lugar. Adorei!



Sem mais por hoje, besos y quesos a todos.


terça-feira, 16 de março de 2010

País: Não Identificado


Ai, gente

Fui editar meu perfil agora e fiz questão de deixar lá: País: não identificado.

Não é legal, isso???

:-P

Acho até que vou transformar isso numa tag aqui do blog. Se quiser saber das minhas andanças, clique em 'país: não identificado'.

Adorei!!!

Hola, desde Madrid

Fato é que cheguei.

O segundo fato é que blog é um negócio muito demorado pra esse meu computadorzinho que veio direto de Bedrock (Flintstones?! Hello?!) e que, por enquanto, deleitem-se com minha apresentação, diretamente neste link "O blog e eu. Eu e o blog." aí em cima.

Aqui no velho continente as coisas continuam no mesmo lugar. Mais no mesmo lugar do que eu gostaria, inclusive. :-P Só me surpreendeu que, em 5 dias em Madrid, não fui maltratada ou sofri grosserias de nenhum espanhol! Já tô recomeçando a amar los españoles... No mais, eles continuam fumando demais (DEMAIS!!!!) e em todo e qualquer lugar, jogando lixo no chão dos bares, falando com aquela linguinha entre os dentes que bem caracteriza as "Monas" da vida aí no Brasil (e que me dá a impressão de que serei cuspida a qualquer momento) e faz frio. Ah! o frio...

Olha, pessoal, se tem uma coisa que eu queria era o frio. Adoro verão e tals, mas nada paga as pessoas se arrumando pra sair no frio. Lindo! E a certeza de que a maquiagem não vai derreter? De que pode usar rímel sem ser daqueles à prova d´água que só saem cem por cento 4 dias depois, apesar do demaquilante? Ai ai... 

Mas o que nada paga mesmo - e agora estou falando, especificamente, das possibilidades do meu bolso - é comprar essas roupitchas lindas e agasalhadas em euros. Mesmo nas 'rebajas'. Disso deduz-se que todo mundo por aqui está friamente lindo, menos eu. Eu estou friamente feliz, apesar da boca rachada e do rosto ressecado.

Por agora é só. Tenho que bater perna por aí pra suspirar mais um pouco, porque essa é minha especialidade em viagens: bater perna, olhar para o alto, suspirar muito e rir sozinha. Às vezes falo sozinha, gesticulo e tal, mas por aqui, por enquanto, ainda tenho medo de me levarem numa camisa de força.

Adiós, amigos!

Me voy ahora, pero mi corazón se queda con ustedes!