segunda-feira, 18 de outubro de 2010

De Amor e da perspectiva de saudade

Nem foi Amor à primeira vista. Mas, ao final, eu nem tenho certeza de que os melhores amores são aqueles que ocorrem à primeira vista. O nosso, definitivamente, não foi à primeira vista.

Eu nem saberia dizer o momento exato em que começou. Mas acho que nisso consiste o Amor, de não se saber exatamente quando começa – e, certamente, do fato de que ele nunca se acaba completamente.

Também não saberia dizer o que me faz Amar. Mais uma vez: talvez Amar também consista em não saber exatamente o que se Ama...

Pois. Foi assim. Sem saber exatamente quando e por que começou, e com a certeza de que nunca irá acabar.

Talvez tenha sido esse som...

Quando me remeto à primeira vez em que me senti amando, é a lembrança do som que me vem à mente. Eu caminhava numa das ruazinhas secundárias do Parque Del Retiro e ouvi. E me aproximei. E vi. Eram dezenas, talvez centenas de patins e aquele som gostoso que fazem as rodas em contato com o asfalto. E sorri. E olhei as árvores em volta, e aquela luz desmaiada de uma tarde de primavera na copa das árvores, e as famílias, e os carrinhos de bebê, e os velhinhos e suas bengalas, e os solteiros e seus cachorros, e os agasalhos, e as bufandas... E me vi fazendo parte disso tudo.

Talvez tenha sido que me apaixonei por Madri. E não tenho como explicar, porque não se Ama uma cidade porque ela tem um parque agradável onde se anda de patins, 12 linhas de metrô e bocadillos de calamares. Ou porque tenha ido ver exposições dos pintores, fotógrafos e escultores mais consagrados. Ou porque haja musicais e shows a disposição. Ou por causa do frio, por causa do calor, por causa da noite, por causa da luz, por causa de...

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Eu costumo dizer quecidades fáceis e cidades difíceis de gostar. Não porque as segundas tenham menos méritos que as primeiras. Salvador, por exemplo, não é uma cidade fácil de gostar, porém quem gosta, Ama de paixão. Rio, Paris, Londres, Barcelona, facílimas. Mas, como dizia Vinícius,

Senão é como amar uma mulher linda; e daí?
Uma
mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado,
Uma
beleza que vem da tristeza de se saber mulher,
Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor
E
para ser perdão

Madri não é uma cidade qualquer. Não é uma cidade para chegar, ver e sair. Madri, como Salvador, não é uma cidade linda”. É uma cidade para se viver. No futuro, não vai me adiantar vir passar uma, duas, três férias em Madri. Nunca vai ser suficiente. Nunca vai ser igual.

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Madri, ainda é um pouco cedo para despedidas, eu sei, mas eu vou morrer de saudades.

sábado, 16 de outubro de 2010

Quase atleta



Um dos projetos ainda factíveis para 2010 é o de virar atleta.

Não riam.

Aindatempo.


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me imagino voltando para o Brasil e chegando na academia para me inscrever. O instrutor, então, vai me perguntar: - Está sedentáriaquanto tempo?.

Gente, eu vou rir. E a risada vai ser gostosa.

E vou responder: - Sedentária, meu jovem? Eu? Por favor. Por-fa-vor! Eu sou viajante. VI-A-JAN-TE. Você, rapazinho, sabe o que quer dizer isso? Não sabe? Quer dizer que eu sou aquela pessoa que anda. Anda muito. Anda demais. Eu sou aquela pessoa que prescinde do ônibus ou do metrô e anda três, quatro quilômetros para chegar ao seu destino. Eu sou aquela pessoa que sobe ladeiras, sobe escadarias de 500 degraus para ver a vista das cidades, sou aquela pessoa que leva quase 15 quilos na mochila, mais um mochilinha que fica pendurada na frente, mais uma bolsa em uma das mãos com os presentes quebráveis que comprei ao longo do caminho, mais um guarda-chuva colorido que Juan me deu de presente. Sou aquela pessoa que a cada dois ou três dias teve que trocar de albergue. Meu rapaz, você tem certeza de que acha a pergunta do “sedentáriapertinente? Querido, eu sou uma viajante, o que quer dizer que eu sou quase uma atleta. Agora, por favor, castigue na minha ficha de malhação que eu não tenho tempo a perder.


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Dia desses saímos por Barcelona e nos deparamos com uma Sardana. É uma dança catalã, entrem no link para conhecer melhor. Eu e Carol, animadíssimas, nos juntamos ao grupo de catalães e de não catalães que tentavam acompanhar. Dançamos umas cinco músicas, suamos, demos risada deles, da gente e dos catalanismos, foi uma maravilha. Nem achei que ia, mas me diverti bastante.


Uma Sardana em toda a sua complexidade.
Porque os “estrangeiros não conseguem acompanhar”...

Dia seguinte, acordo com uma dor nas pernas... Hummm... Que estranho, viu? O que será isso, meu Deus? Porque dor muscular pelo exercício físico é que não é. Isso seria inconcebível, eu diria impossível, visto que sou uma viajante-quase-atleta. Tenho para mim que foi mau-olhado dos catalães que estavam com raivinha da turistada atrapalhando a dança deles.

É.

Certeza que foi isso.


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Bom, com respeito ao meu Projeto Atleta 2010, digo, em minha defesa, que hoje foi o sexto dia que fui correr no Parque del Retiro e que diminuí meu tempo em dois minutos.

Quase atleta.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Feliz, feliz, feliz.

Quem comenta aqui são meus amigos e família. Eu adoro que eles leem o blog.

Eu acho super legal quando uma pessoa que eu nem imaginaria que lê o blog - mas, ainda assim, conhecido ou amigo mais distante - me manda um e-mail ou fala no msn que lê e gosta do blog. Mentira. Eu não acho "super legal". Eu fico feliz, feliz, feliz, que nem pinto no lixo.

E eu fico feliz, feliz, feliz, que nem pinto no lixo, quando eu vejo nas estatísticas que tem gente desconhecida que entra aqui regularmente, apesar de não comentar.

E eu me sinto culpada de não postar com mais regularidade e essas pessoas - e também a família, os amigos próximos, os amigos mais distantes e os conhecidos - chegarem aqui e não ter post novo.

E o post de hoje é só para isso, para dizer que a visita de vocês me faz feliz, feliz, feliz, que nem pinto no lixo, e para dizer que me sinto culpada de não postar mais.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mais um mês

Você tem que dar um desconto, porque existia a possibilidade de se passar entre um e dois anos. Ou seja, as quatro estações. Ou seja, duas vezes cada uma das quatro estações num lugar onde, de fato, existem quatro estações. Variação térmica de -5 a 42 ºC. Não tenho, então, porque ficar com vergonha de pedir um táxi para mim e Juan que vai levar nós dois, três malas enormes (por enormes entenda-se ENORMES), duas mochilas de 65 litros, uma mochila com dois computadores, duas mochilinhas de sabe-se o que, minha bolsa e minha câmera fotográfica. Tenho certeza de que se você imaginar a cena, decerto que não vai conseguir imaginar a cena.

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De todo modo, estou muito feliz de ter de volta o til, o c cedilha, o acento circunflexo e a interrogação onde sempre estiveram, mesmo que isso signifique voltar ao meu notebook da era paleolítica. Como eu dizia sobre o meu primeiro carrinho - um escort hobby, cor de burro quando foge, sem ar-condicionado que me fazia vencer, diariamente, os 35 quilometros que separavam minha casa, em Vilas do Atlântico, da Escola de Administração da UFBa -: é 1000 mas é meu.

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Bom, estávamos de malas prontas - o tema das malas é outra história, e terá que ser contada em outra ocasião -, mas descobrimos que o outono é a estação mais linda de Madri, e vimos as folhas começando a amarelar nas árvores do Parque do Retiro, e ficamos tristes de pegar um vôo semana que vem, e... e... e...

É mais um mesinho .

 mais um, tá legal?