Acho que a harmonia na convivência entre pessoas que não querem / podem pagar uma faxineira é uma questão de equilíbrio. O problema é que se você acha que a situação está equilibrada, provavelmente você está de pernas pro ar fazendo nada enquanto seu amiguinho que tem nojinho do banheiro porco e da pia “pirâmide” está deixando tudo com ambiente de lar, em vez de chiqueiro. Ou seja, a harmonia na convivência entre pessoas que não querem / podem pagar uma faxineira passa a ser uma questão de resignação do colega de apartamento que tem nojinho. Ou, mais comumente no caso de homens, uma questão de porcaria.
Vejamos
eu e Carol.
Eu fingia
que achava
que a
situação estava equilibrada (fingia
mesmo, Carol.
Sorry)
porque eu passava
roupas uma
vez por semana e
ela limpava a
casa uma
vez por semana. A
minha desculpa é
que imagino
que gastássemos o
mesmo tempo para cada uma
fazer a
sua tarefa. Duas horinhas
para passar roupa, duas horinhas
para limpar a
casa.
Ademais de
limpar a
casa, Carol
cozinha melhor.
Eu fazia
questão de
lavar os
pratos,
mas ela, agoniadinha, às
vezes corria
para a
pia.
Eu cozinhava
também,
mas ela é
mais criativa e etc e
tal.
Enfim, o
negócio é
que lavar banheiro é uma merda, né? E
eu nem acho de
todo mau passar roupa.
Cozinhar e
passar roupa são,
definitivamente, as
minhas tarefas de
casa preferidas. Muitas
vezes pensei
em perguntar a Carol se
ela queria
trocar a
atividade que cada uma fazia
por semana,
mas muitas
vezes,
também,
ela ia
lá e limpava a
casa justamente quando eu não estava.
Aí eu fazia, na
minha cabecinha, a
conta de
quanto tempo cada uma levava
graxeirando, chegava à
conclusão de
que,
em termos de
duração, as
tarefas eram
compatíveis, e deixava
para lá.
Tudo porque eu não queria
lavar o
banheiro.
* Mentira. Não era só isso, não. Eu nem sou gente ruim assim. É que eu acho que limpar a casa tem um método próprio, um jeito. Cada um tem suas manias. Inserir-se na rotina de uma pessoa que há tempos limpa a sua própria casa é meio desconfortável. Vai que a pessoa acha que eu não limpei a maçaneta? Vai que acha que eu não limpei o canto do primeiro quadrante do teto da sala? Vai que acha completamente desnecessário eu desplugar todas as tomadas e limpar os fios, um por um, passar aspirador atrás do móvel de três toneladas e etc.? É muito ruim fazer faxina na casa dos outros sendo observado. Por outro lado, eu boto pra lenhar na passação de roupa! *
Pois bem.
Aqui na
casa de
Juan e
cia ltda o
negócio estava equilibradíssimo aos olhos de Juan. Imaginem. Juan,
o amiguinho das cucarachas, achando o
negócio equilibradíssimo e a
vida um mar de
rosas,
harmonia e
paz.
Outros dois roomies de Juan, suponho
eu,
também achavam
que a
vida era equilibradíssima.
Até que o
quarto elemento resolveu se
revoltar.
Mas vejam
bem, o
que são sete sacos de
lixo sem botar para fora (
botar para fora = tranferir do
lado de
dentro da
porta para o
lado de
fora da mesmíssima
porta),
não é?
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Eu tenho um método todo especial para lavar pratos. Coisas que herdei de meu pai-pai. Sobre a sanidade mental das minhas heranças genéticas, tirem suas próprias conclusões.
Antes eu odiava
lavar pratos. Odiava. Achava
um nojo.
Panelas,
então, affff!!
Mas,
gente,
com organização e
um pouquinho de boa
vontade, a
sua vida com certeza vai
ficar mais bela. Vejam
bem, a
idéia central remete aos
ensinamentos de
Taylor,
Fayol e,
principalmente, à
produção em série de
Ford. De
antemão, há
que se
considerar alguns aspectos: o
tamanho da
pia, o
tamanho do
balcão da
pia e o
tamanho do
escorredor, basicamente. É
bom observar se tem alguma
coisa muito frágil,
também. Essa
você lava logo,
seca e
guarda. Se for
taça de
cristal, coloca
para secar longe do
meu cotovelo,
por favor.
Bem, aí o primeiro que se deve fazer é separar os utensílios sujos por classes. Para falar do dia-a-dia, vamos começar com o básico: panelas – organizadas por tamanho, uma dentro da outra –, pratos – também separados por diferentes tamanhos –, copos e talheres. Deve-se começar lavando os copos, que podem, nessa divisão, ficar dentro da pia mesmo – o resto, melhor deixar do lado de fora, cada um no seu quadrado. E por que os copos? Ora, se você tem um escorredor onde ficam misturados copos e pratos e panelas e etc (porque os talheres sempre têm um lugarzinho todo especial), é muito mais fácil colocar, embaixo de tudo, os copos. As panelas e os pratos de sopa, tupperwares e afins, todos podem ficar emborcados em cima dos copos. Captaram? Pois, sigamos.
Copos lavados, passemos aos pratos. Quer dizer, lavem logo os talheres – que podem já estar dentro da pia, junto com os copos. Às vezes deixo os talheres justo dentro do maior copo cheio de água, para já ir soltando a nhaca. Então, perceba que você já se livrou de copos e talheres, que são pequenos e chatos na arrumação do ambiente pré-lavagem. Agora, sim, passemos aos pratos. Primeiro os grandes, que ficarão dispostos no fundão do escorredor, em seguida os de sobremesa e pires. Organizados assim, por tamanho, do menor para o maior, fica uma coisa linda de se ver...
* lágrimas me vêm aos olhos... *
Ai ai...
Bom, em seguida os pratos fundos, se houver. Por quê? Ora, meu Deus! Tudo eu tenho que explicar! Veja bem, se não houver mais muito espaço, o provável é que os pratos fundos sejam os mais quebráveis do que ainda resta (panelas, tupperwares e etc.), além de que é facinho facinho emborcar panela sobre pratos fundos. Olha, vá por mim, que no final, além de mais seguro, o escorredor fica uma arvorezinha de natal. Lave os pratos fundos e ajuste eles no escorredor. Se de frente pros outros pratos, de costas ou emborcado em cima dos copos, vai depender do seu escorredor e do seu prato fundo. Essa é uma daquelas regras tipo “sal a gosto”.
Por fim, lave panelas e tupperwares, do menor para o maior (me recuso a explicar por que, hein). O legal é que, quando você coloca uma dentro da outra elas já ficam na ordem certinha de lavar! Não é uma emoção? Ai ai...
Pronto. Emborque as panelas em cima dos copos, dos pratos, em cima de tudo e voilà! Cozinha limpa, escorredor lindo!
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O método é super eficiente para passar roupas também. Calça com calça, blusa com blusa, tecido com tecido... Experimentem!
Mas se quiserem, oportunamente eu faço um tutorial.
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Essa inspiração tem o oferecimento da pequena montanha de pratos que havia dentro da pia quando eu cheguei do curso hoje. Tudo graças ao já citado mar de rosas, harmonia, paz e amor.
Ser homem é tão legal...