quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Inspiração

Ando meio sem inspiração.

Teria uma série de coisas a contar e escrever - fui passear pela Itália e a Itália é, para sempre, o meu país preferido -, mas ando sem inspiração.

Assim que venho aqui a título de informação: parece estar próxima a minha volta e a Itália é meu país preferido, é isso que tenho a informar.

O resto eu conto quando a inspiração voltar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sem ressaca

Isso não costuma acontecer, de eu emendar um livro em outro assim, na mesma noite. Geralmente fico um tanto quanto ressaqueada e gosto (ou não gosto?) de ler vagarosa e atentamente aqueles últimos parágrafos - enquanto sinto a mão esquerda pesando mais do que a direita - e, em seguida, fechar o livro lentamente. Aí olho para ele e finjo que o analiso de todos os ângulos, e viro o livro, e olho desde cima, dou uma última folheada, mas, em verdade, levo esse tempo pensando nas páginas que vinham me acompanhando, nos personagens, nas situações, em mim.

Em geral preciso de uns dias, quiçá uma semana, para engatar numa nova leitura. É um tempo de recuperação, um assentamento das ideias, um ruminamento, às vezes um luto. Ressaca.

Mas com esse não foi assim.

Hoje matei as minhas saudades da Biblioteca Jaume Fuster e voltei com quatro livros debaixo do braço. Leves, alguns até românticos. Talvez porque Auschwitz, por si só, já são 400 páginas de ressaca. A cada vez que fechava o livro já eram horas de reflexão, angústia, tristeza, pesar. Sofre-se com tudo o que se passa a saber e, talvez mais ainda, com tudo o que, decerto, não se vai saber nunca.

E, assim, a dez páginas do final, precisei respirar Benedetti só um pouquinho, suspirar Beauvoir, a feminista e a apaixonada, folhear Calvino. E como num último suspiro, venci as dez últimas páginas já sabendo que não há final feliz. Não há final.

E fecho o livro, não tão lentamente, sem contemplação. Laurence Rees me roga que não esqueça - e eu não vou esquecer -, mas agora preciso que Simone me devolva a leveza com suas cartas a Algren ou que me ensine a ser mulher com suas memórias.

Sem ressaca.

Porque há coisas que não precisam ser digeridas. Devem ficar, para sempre, entaladas na garganta.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Lope de Vega

Ontem assiti a Lope. De Lope de Vega havia ouvido falar, mas aí, aquela coisa, a gente assiste ao filme e fica curioso. Fiquem curiosos também. Assitam ao filme - não é nada, assim, espetacular, mas, meninas, mesmo sujinho o protagonista vale a pena - e leiam qualquer poema dele.

Segue um lindo, que encerra o filme, para dar um gostinho:

Desmayarse, atreverse, estar furioso,
áspero, tierno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, difunto, vivo,
leal, traidor, cobarde y animoso;

no hallar fuera del bien centro y reposo,
mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,
enojado, valiente, fugitivo,
satisfecho, ofendido, receloso;

huir el rostro al claro desengaño,
beber veneno por licor süave,
olvidar el provecho, amar el daño;

creer que un cielo en un infierno cabe,
dar la vida y el alma a un desengaño;
esto es amor, quien lo probó lo sabe.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Alô?!

Tem alguém aí?

Ainda tem alguém aí?

Aqui, tem eu. Mas com uma preguiiiiiiça...

É tanta coisa pra fazer na internet que, à frente dela, eu paralizo. E aí que não apago os emails que já deveria ter apagado, não respondo aos que já deveria haver respondido, não pesquiso o que já deveria ter pesquisado...

Mas vamos começar pelo fim: estou em Barcelona. É que, por mais pedante que isso possa parecer, cansei de viajar e a verdade é essa mesmo, não tem outra: cansei. E agora a preguiça, até de me mover, me consome e ir ao mercado comprar o "de comer" é assim, arrastado.

Pois bem, numa explicação bem rápida, da Cracóvia - com direito a dois dias inteiros em Auschwitz - fomos à Praga e, em seguida, eu fiz uma saída estratégica pela direita: enquanto Juan seguiu pra Viena, eu fui pra Genebra, na Suíça. A idéia era encontrar aí um curso de francês legal e ficar um tempinho, mas, tenho que dizer, a Suíça abusa no conceito "alto custo de vida". Simplesmente não rola ficar em um lugar onde se paga 4,50 dólares por um espresso, 5,50 por um misto quente e 9,00 por um kebab. Dólares, pessoal. Não dá. Junte-se que estava fazendo 12 graus e na minha mochila não tinha roupa pra isso. Tudo bem, a Suiça é linda, mas eu substituo pela região dos lagos na Patagônia entre a Argentina e o Chile e fico bem feliz.

Bom, juntei meus panos de bunda e fui pra Lyon, na França, ainda com a mesma ideia. Procurei curso e alojamento, achei e continuei sem saco. Quando eu estou numa viagem e tudo o que eu gostaria de fazer é pegar um cineminha, mau sinal... Pois bem, peguei um cineminha e aí percebi que precisava de "lar", que isso a gente não encontra em todo lugar. Fui na estação e comprei uma passagem pra Barcelona, onde Carol e Paulo me esperavam com Amor, carinho, uma caminha e um banheiro limpos, sem falar no clima de fim de verão espanhol.

Pronto, estou aqui.

Entre dormir, comer e cozinhar, ler, ver tv, dormir, ler e dormir, eu estou feliz. E isso era tudo o que eu precisava.

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Para quem ainda não sabe, porque não bisbilhota o meu pseudo twitter, eu cortei o cabelo curtinho. Não, não tenho fotos, porque não tenho computador próprio para baixar as mais de 1000 fotos que estão na minha máquina. Lo siento.

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Sobre fotos, eu fiz um facebook. De novo, não, não tenho tido paciência para aquilo, mas os meus coleguinhas do curso que fiz em Madri e outros amiguinhos daqui postaram coisas lá e acho que quem tem facebook pode ver também. Mas meu cabelo aí ainda estava comprido, lo siento de nuevo, mas pelo menos vocês poderão ver que eu não engordei e isso é muito legal, não é? Legal as duas coisas, que vocês poderão me ver e que eu não engordei.

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No mais, MUITA saudade.

E, mais uma vez, não, não sei ainda quando volto.