domingo, 23 de maio de 2010

De música, de 'cursi' e de mim

Tô em falta, né?

Mas agora já fiz a prova e voltarei.

Cursi é brega em espanhol.

Que eu posso ser muito cursi em determinados momentos, principalmente musicalmente falando, não é novidade pra ninguém. Que o diga o meu apreço por boleros, arrocha, sertanejo y otras cositas más. Mas o que segue eu nem sei se é cursi por aqui, sei que está nas paradas de sucesso e eu ouço pelas ruas, quando vou fazer mercado, vejo na tv enquanto tomo um café...

Pois é como aconteceu certa feita na Grécia com Sotis Volanis. Se tem coisas que marcam a gente em viagens são os sons e os cheiros, assim que e eu tive que ir a uma loja de discos em Santorini cantarolar o que ouvia o tempo todo nas ruas. O desafio era que o vendedor reconhecesse o que eu cantarolava e me vendesse o disco que se tornaria o meu melhor souvenir da Grécia. O vendedor da loja era grego, claro, e não falava nada de inglês. Tampouco eu falava grego. O bom é que cantarolei Poso moy Leipei (que, à época, tinha ouvido numa versão remix) perfeitamente, ótima cantora que sou, e levei de volta o cd pra casa (maldito seja o ladrão que me roubou o cd e abençoada seja a internet que permitiu que minha irmã me presenteasse com a música baixada - irmã, te Amo!).

Agora estou na España. Cursi ou não, Estopa y Rosário são o que há!

¡Disfrútenlo!





PS. Meninas, cá entre nós, o que é esse ¡Olé! aos 30 segundos?

domingo, 9 de maio de 2010

Todo mundo peladón!

O eventos narrados a seguir ocorreram domingo, dia 09/05/2010, entre 15:45 e 15:50, horário de Madrid. Para alguns era um simples dia das mães (feliz, mãe!), já para outros...


*****

Domingo. Um sol minguado, daquele calorzinho que quando passa uma nuvem faz frio e eu tenho que colocar o casaco. Depois de mais uma manhã de estudos, achei que seria boa idéia passear e conhecer um parque novo.

Lá estou eu passeando pelo tal parque novo - que bem poderia ser Wayna Picchu, de tanta escada que subi - fazendo o de sempre, olho pro céu, olho pras flores, olho pro povo, tudo intercalado com suspiros. Mais do mesmo.

Eis que de repente mais que de repente, depois de subir zil degraus e logo que viro uma esquina de lindos arbustos primaveris, me deparo com um ser do sexo masculino deitado de barriga pra cima no banco da praça. Normal seria a cena se o dito cujo não estivesse nu. Sim, eu disse NU. Em pelo (pelos pubianos, inclusive).

Desculpa, mas eu tive que olhar. E nem é que o cara era bonito e tal, mas tive que olhar. Olhei mesmo, até porque ele fingia que tudo estava normal e sob controle e virou a cara dele pro outro lado, deixando o espaço aberto (abertíssimo!) pra eu registrar tudo. Por isso, digo com propriedade: ele não só estava de barriga para cima como empurrou o pinto dele por entre as pernas e grudou uma na outra, as duas pernas bem juntinhas. Ou seja, ele não tinha pinto. Uma coisa meio traveco-se-fantasiando-pra-bater-ponto-na-orla-da-pituba. Vocês imaginam como ficou, aquela coisa peluda triangular parecendo uma... ahn... bem, voces sabem bem o que estava parecendo. Meninos, se quiserem façam a experiência em casa. Eu acho que nem machuca...

Eu ri, né. Só podia. Ri mesmo. E também passei de imediato mensagem pra Juan, porque essas coisas a gente não aguenta se não contar pra alguém urgente, em tempo real.

Segui. Rindo. Antes de virar a próxima esquina primaveril resolvi olhar de novo pro peladón e ele estava com o pescoço torcido, a cabeça toda virada olhando pra mim. Nessa hora eu tava passando a mensagem. Gente, tomara que ele tenha achado que eu fotografei, filmei e coloquei no youtube! Ri mais, óbvio.

Ainda rindo, desci umas escadinhas para uma parte mais infantil do parque (sim, o peladón estava a 15 metros da parte mais infantil do parque) e aí estão uma criança jogando bola, uma mulher ao telefone e um casal deitado confortavelmente num brinquedo infantil. Ainda rindo do peladón, passo pelo casal de pombinhos apaixonados. E não é que o danadinho estava, neste exato momento, tentando enfiar a mão por baixo da saia da mulher?

(...)

Ó, não tinha nenhuma placa nem nada, mas desconfio ter descoberto o até então desconhecido parque pornô de Barcelona.

Parque novo, seu nome agora é Parque Pornô. Em nome do Pai, do Filho e de toda a Sagrada Família, Amém.

sábado, 8 de maio de 2010

Fragmento

Eu ando pela rua suspirando pelos outros. Pelos beijos apaixonados que vejo diariamente em cada esquina, por um entrelaçar de mãos e braços pelas costas - a cintura dela, o braço dele, as mãos de ambos -, por um olhar trocado ao sorver um gole de café, pela posição dos corpos – cabeça dela na barriga dele, cabeça dele nas pernas dela – deitados na grama do parque num dia de sol, quando as palavras são desnecessárias – ele lê, ela cochila, o sol embala...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

De infernos astrais e maus-humores

Não sei por que cargas d'água os nossos astros inventam de fazer inferno bem no período que antecede o nosso aniversário. Já é uma passagem de ano, já é menos um ano daí pra frente na vida e os benditos astros resolvem que, além da inexorável realidade de envelhecer, o ser humano precisa passar por um período de inferno. Um rito de passagem. É mole ou quer mais?

Daí que eu tô bem sentada, me utilizando da praticidade de haver uma mierda de um Starbucks a cada esquina de Madri, quando me surrupiam a carteira.

*Pausa para o capítulo Starbucks: quem me conhece sabe que não sou afeita a padrões, assim que odeio essas cadeias estadunidenses de comida rápida. Quer comer rápido? Pra isso existe acarajé. Aqui, kebap. Essa tinha sido a segunda vez que entrava num Starbucks na vida. O momento agora, mais ainda do que antes, é anti-Starbucks. Pelo seguinte: 1º- não tem nada demais; 2º - é a mierda de café preto e normal mais caro de todo o velho continente; 3º - minha professora de español - anarquista - está promovendo um boicote com todos os seus (cinco) alunos, pois alega ter lido que no Starbucks são fascistas com seus empregados e pagam muito mal e eu, óbvio, já aderi (conclamo a todos, hein?); e 4º - aí surrupiaram minha carteira. Fim de pausa.*

Pronto. Surrupiaram minha carteira. De todos os euros, cartões de crédito, RG, carteira de motorista (o que diabos eu fazia com minha carteira de motorista, meu Deus?), etc., o mais valioso para mim era a própria carteira. Vagabunda, comprada em um camelô em Roma em uma viagem que fiz há, ahn, 9 anos atrás? Pois sim. A carteira. Incomensurável valor. Insubstituível.

Depois do momento de catatonia inicial, cancelamento dos cartões, reclamação dos gastos, pedido de novos cartões, eis que me faltam os cartões de débito e a chave de segurança para eu poder acessar a buesta dos bancos online.

Já estava até conformada em abrir o porta documentos que tenho usado (vazio) como carteira, apesar de manter a esperança de que achem a minha bichinha de estimação e os meus documentos. Aquela agonia incial tinha passado. Até hoje.

Liguei pro Brasil atrás de meus gerentes de banco, sempre tão gentis na hora que eu chegava pra investir minhas sobrinhas e meu 13º, e a $#&&$ da gerente, simplesmente, FINGIU QUE NÃO SE LEMBRA DE MIM! Pode? A cara-de-pau ainda tentou me fazer chantagem emocional, que poderia perder o emprego se me ajudasse e tal. O do Banco do Brasil, nem comento, recebeu um solene "vai tomar no seu @#" no meio da fuça, porque acho que minha paciência e bom humor ficaram aí no Brasil, ou talvez em algum lugar do passado.

Para completar - porque dia feliz é dia feliz, né? - me cobraram 1,90 euros por uma lata de coca zero, perdi minha xuxa de cabelo e duas presilhas (todas de estimação) e uma linda colega do flamenco respondia em catalão tudo o que eu perguntava em castellano, porque, né?, tenho cara de poliglota mesmo.

É isso. E que chegue logo o dia 30. Que chegue logo.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

De bibliotecas (ainda) e excursões

Você chega na biblioteca (que nunca tem lugar para sentar) e se depara com um grupo. O grupo tem um guia. O grupo anda pela biblioteca tendo um guia falando em inglês - britânico, diga-se de passagem. O grupo faz caras de admiração. O grupo tira fotos (!!!). O grupo passeia, olha tudo com atenção.

Você senta - depois de 15 minutos procurando lugar e prestes a se instalar num canto perto de uma tomada (o notebook...) - e estuda.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

De aniversários e outras coisas nada a ver

Depois de anos pensando em como fazer uma festinha de aniversário sabendo que o meu dia é sempre propício a chuvas torrenciais aí no hemisfério sul, acabo de me dar conta de que a minha "passagem" esse ano se dá no auge da primavera europeia, braços abertos para o verão.

Daqui a alguns dias, parabéns para mim num parque qualquer, com direito a piquenique, jogos veranis e balões de festa.

E na categoria "outras coisas nada a ver", estou feliz porque fiz uma simulação do tal do exame DELE Superior e, palmas para mim, vou passar nessa joça!

domingo, 2 de maio de 2010

De livros, leitura e biblitecas

Daí que semana passada começaram as minhas aulas de espanhol e eu estou me sentindo uma ignorante completa, incapaz de passar no tal do DELE Superior. Estudei a semana toda. Hoje, domingo, inclusive.

E para que eu pudesse estudar mais e melhor, fui a uma das bibliotecas públicas que tem aqui em Barcelona e que é perto daqui de casa. Uma palavra descreve: encanto.

Para começar que cheguei à biblioteca e é só levar um documento que você se inscreve e pode pegar livros, filmes e cds de graça, lá tem um monte de computadores que são públicos e se pode acessar, de graça, você pode ir para lá - e o ambiente é assim, mágico e silencioso - sentar numa mesa e simplesmente ficar, de graça, pode ir para lá ler jornais e revistas do dia, de graça, pode levar seu filho, porque tem um espaço dedicado a crianças, de graça, pode também ir passear num dia de chuva (e, por que não, de sol), ficar olhando as estantes, andando com cara de deslumbramento - como eu costumo fazer -, tudo de graça. Querem que eu fale mais?

Ah! As estantes ficam abertas ao público. Não é aquele esquema de procurar no catálogo ou na Internet o livro que quer e pedir a um bibliotecário, recepcionista ou o que quer que seja, você mesmo é que vai às estantes e escolhe um livro para chamar de seu por um mês, renovável por mais um. Não tem segurança na porta, assim que, mesmo que você não esteja inscrito, pode entrar na biblioteca, fuçar as estantes, ler o livro que queira enquanto está lá e ir embora na hora que quiser – desde que você não saia com o livro, claro. Programão!

Eu, pra variar, fiquei com aquela minha cara de besta. Na Inglaterra já era sócia da biblioteca da cidadezinha em que morava e usava muito. Programei todas as minhas viagens com guias emprestados da biblioteca, sem contar todos os livros que li em inglês. Mas, com todo respeito e amor que tenho pela Inglaterra, essa de lá não tem muita comparação.

Primeiro dia que fui à biblioteca, com a intenção de me concentrar e estudar e tal, fiquei tão maravilhada que só conseguia andar pelos corredores suspirando e com aquele riso idiota – típico – na cara. Mas também, não tinha lugar pra sentar.

Pasmem.

Corrijam-me se eu estiver dizendo um absurdo, mas qual é a biblioteca em Salvador – quiçá no Brasil – em que não se encontra um lugar sequer pra sentar? Dentre mesas, balcões, sofás e bancos, o único lugar que encontrei para me instalar foi um vão entre duas estantes – isso porque todos os outros vãos entre duas estantes que havia, bem como cada canto, já estavam devidamente ocupados por gente sentada no chão com todos os seus livros espalhados. Imaginem a cena. Lindo demais, não?

É isso!

É isso mesmo que eu queria ao viver mais um tempo por aqui. Queria fazer parte disso, do dia-a-dia de quem é daqui, e se o dia-a-dia de quem é daqui é sentar no chão de uma biblioteca, quer melhor?

Então. Hoje, domingo, fui mais uma vez à biblioteca estudar. Ela abre aos domingos também e eu estava crente de que seria tranqüilo achar lugar, afinal, é domingo, né, pípou.

Ã-han.

(...)

LO-TA-DA.

Repito: lotada.

Por sorte consegui achar um lugar numa cadeira e não tive que sentar no chão de novo.

Ao final, feliz, trouxe dois livros para chamar de meus durante um mês. Renovável por mais um.