domingo, 14 de novembro de 2010

Memórias Póstumas

Eu visualizo os períodos de grandes viagens assim: é como se a nossa vida fosse uma linha em que estão sequenciados todos os acontecimentos de forma temporal, lógica e coerente. Aí viajamos, passamos um tempo - 8 meses, 1 ano, 2, não sei. Então, dessa linha temporal, lógica e coerente, que tem um grande caminho percorrido para trás e um caminho desconhecido por vir, é cortado aquele pedacinho, o pedacinho referente àquele período da viagem, e posto um pouco acima, à parte, separado da vida que corre linearmente ali embaixo.

A gente volta e (re?)descobre nossa família, nossa casa, nossos amigos, nossas roupas (argh!), nosso clima, nosso verde, nosso time voltando à primeira divisão... Às vezes parece que nunca havíamos ido. Parece que não passou aquele frio, aquelas conversas em espanhol com aquela gente de tantos países, aqueles passeios de patins pelo parque, aquele flamenco, parece que nada passou. A impressão que tenho é de que, quando tiraram da minha “linha” da vida aquele pedacinho correspondente ao período da viagem, juntaram as pontas que antes haviam ficado soltas e a vida seguiu exatamente do ponto onde havia parado – à parte do fato de que dentre as primeiras frases de minha mãe estava “eu estava te esperando para montarmos a nossa árvore de Natal”. E já é Natal de novo, quando eu havia saído, justamente, logo após o Natal.

Sem mais, foi bom demais.

E vai ser melhor ainda daqui para frente.