quarta-feira, 17 de março de 2010

De cabelos e cigarros


Tenho que dizer: o meu cabelo nasceu para o primeiro mundo. Quer dizer, meu cabelo nasceu para o velho mundo, que acontece de também ser primeiro mundo. Você vê, eu tinha mesmo que acreditar nas duas cartomantes e na minha astróloga: fui espanhola em outra vida, isso está no meu sangue etéreo. Na hora que eu souber bater as castanholas com primor e que perder (porque eu VOU perder) esse sotaque brasileiro ridículo ao falar espanhol,acho até que vão me dar de presente, na rua, a cidadania espanhola. Assim, eu vou estar espanholamente andando e vão me dar a cidadania. Porque eles querem me dar. Isso, óbvio, depois que olharem o meu cabelo e como ele está feliz, contente e radiante com o clima daqui. 

Aí que ontem fui parada por um grupinho de meninas que pediam pra eu assinar um num-sei-quê-lá para beneficiar num-sei-quê. Li rapidamente e vi que se referia a um centro para surdos mudos ou algo parecido. Perguntei: é só assinar??? Quer dizer, perguntei: - És solamente firmar? Pregunté de nuevo: - Sólo firmar, no és??? Me contestaron: - Sí, sí, claro! 

:-/

Firmé.

Aí, claro, embaixo é que tem o "pedido" de uma contribuiçãozinha qualquer, a gosto do cliente. As últimas que tinham lá assinandas eram de 10 e 20. EUROS. Olhem a minha cara de quem vai dar 10 ou 20 euros para qualquer causa que não seja a minha mesma?

Entonces, yo les dije: - Pero no tengo plata! No tengo, no tengo plata!

Me sooooolta, surdinha mudinha dos infernos que FALA e OUVE em polonês!!! NO. TENGO. PLATA.

Foi tanto, que eu dei o dinheiro. Dei $ 2,00. REAIS.

Verdade, gente... Tinha uns reais que eu nem sabia o que ia fazer com eles na minha carteira, eu dei. E só dois. A surdinha mudinha (?), tão lindinha, que elogiou tanto o meu cabelo e disse que eu era guapíssima, quase entra na minha carteira pra eu dar algum dinheiro pela causa surdinha-mudinha-polonesa dela. Pués, dei dois reais.

Pero, por supuesto que ela estava falando a verdade quando elogiou o meu cabelo, porque ele, realmente, BOMBA por aqui.



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Daí que é bem difícil manter cheiroso esse cabelo lindo. Explico: os espanhóis são conhecidos por fumar muito, como já disse antes. Desde que vim pra cá a primeira vez já sabia da fama deles e, quando estive em BCN e em MDR outrora,  havia me espantado com os cigarros. Andando pela rua, a fim de entrar em algum lugar pra comer umas tapas, sentar e suspirar e tal, paro e dou meia-volta na frente de vários barzinhos porque quase todos estampam, em azul, uma plaquita: SE PERMITE FUMAR. Azul, gente. O contrário de vermelho, que é PARE!, CUIDADO!, a partir daqui, NÃO SIGA!, a plaquita é azul. Azulmente falando, aqui se permite fumar. Azulmente falando - tal e qual a cor do céu, a cor que mandam a gente pintar o quarto para dormir melhor, a cor que traz paz e blablablá - aqui se permite fumar.

* Espaço reservado para uma fotinho da plaquinhas azuis permitindo fumar. Fotinho esta que ainda não tirei *

Agora, quem suspira em meio à fumaça de cigarro? A impotência sexual, né, pessoal. Eu é que não. Assim que estou sendo privada de suspirar em cafés por conta da fumaça. Passo reto e fico com fome bem mais tempo do que seria humanamente aceitável porque tento achar um lugar ao ar livre ou um café "livre de humo" pra sentar e suspirar.

Meu lindo cabelo sofre. Sofre muito, gente.

O frio até que diminuiu, tá fazendo entre 12 e 16 graus, tranquilo, mas nada que peça que se lave os cabelos todos os dias. Dia-sim-dois-não seria perfeitamente aceitável não fosse a nhaca desgramada que fica no cabelo por conta do cheiro do cigarro. E eu sofro por tabela, porque não dá pra lavar o cabelo e sair no frio com ele molhado (estou sem secador...), muito menos lavar e dormir com ele molhado, me restando a opção não lavar e morrer com ele fedendo.

Conclusão: preciso, urgentemente, comprar um secador.


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Dicas de Iraceminha: vamo lá, sempre que eu vir alguma coisa legal e que ache que vcs precisam saber pra quando vierem à Europa, vou escrever umas dicazinhas. A de hoje é daqui de Madrid e se chama Barrio de Las Letras. 

Madrid não foi uma cidade que me chamou a atenção da primeira vez que vim. Lembrava de muito poucas coisas, alguns flashes e alguns poucos detalhes que me marcaram, mas a cidade, mesmo, não me marcou em nada. Mas hj bati perna por esse Barrio de Las Letras, que é onde morou o Cervantes (autor de Don Quixote) e o bairro é muito lindinho, charmoso, aconchegante e cheio de opções culturais. Pra quem conhece Buenos Aires, se parece um pouco com San Telmo. Não pesquisei preço de nada, mas vi muitos hotéis grandes, hotéis de design (que são a nova onda em termos de vanguarda hoteleira) e albergues da juventude. Decerto que tem opção pra todos os gostos e bolsos. Vale muito a pena se hospedar por lá quando vier aqui. Bem central, à distância de uma caminhada confortável do Parque de El Retiro, da Plaza del Sol, dos museus del Prado e do Thyssen e, como me disse a atendente filipina do bar em que consegui comer sem morrer asfixiada, é bem legal à noite nos finais de semana. Ou seja, é O lugar. Adorei!



Sem mais por hoje, besos y quesos a todos.


3 comentários:

Ana Paula disse...

No velho mundo não existe frizz!!!! Eu adorei isso quando estive aí. Meu cabelo também bombou.
Sobre o cigarro acho que o pior é tomar café da manhã ao lado de um "espanhol-chaminé".

Amiga, tô adorando acompanhar sua andanças...

Beijos e beijos

Unknown disse...

Essa impossibilidade de "frizz" é ótima!! kkkk
Adorei amiga!

Mami disse...

Dei muita risada com as surdinhas!!! Tô adorando seu blog.

Beijos da Mami

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