quinta-feira, 17 de junho de 2010

Puxando Cabelo

Cabelo? Mas que cabelo?

Mas vamos começar do começo... Na verdade, desconfio que a minha vontade/ansiedade/fixação/paranoia de querer morar na Europa mais uma vez tenha um motivo: eu precisava que a Europa me visse magra.

vocês me perguntam: - Europa? Mas quem é essa tal de Europa? Uma meninota que você pegou na cama com aquele seu namoradinho inglês? Uma rival que falava business english melhor do que você no curso? Uma loira aguada sueca que tirava onda de serem elas as mulheres reconhecidamente mais bonitas do mundo? Uma fulana metade gaúcha, metade pernambucana? Quem é essa tal de Europa tão importante que fez você querer atravessar o atlântico, morar em "terras estranhas” mais uma vez, gastar uma bufunfa danada, para ser vista por ela magra?

Opção número zero: é o continente mesmo. Eu queria que o continente europeu me visse magra.

Explico. Coisa mais triste foi a cara das pessoas na minha volta pro Brasil há... hum... oito anos. Eu não sei porque cargas d’água eu fiz aquela convocação geral e reuni umas trinta pessoas no aeroporto. Eu estava 15 quilos mais gorda! Quem quer ser apresentada à sociedade assim? Eu, né. Euzinha Sena de Souza Marques. E a cara das pessoas podia ser uma: pena, susto e pavor misturados numa mesma expressão. Primeiro o susto. À medida que os batimentos cardíacos iam voltando ao normal, pavor. Pra terminar, uma pena profunda. Ao final tomava forma essa expressão indefinida que reunia as três coisas. Triste, eu sei. Mas foi assim.

* Pior foi que teve festinha depois e a cara remexida do povo continuou , inalterada. A isso se somaram uns fuxicos aqui e aliporque na minha cara ninguém iria dizer nada. bastava estar gorda, mas ter isso jogado na cara era um pouco demais. Obrigada aos amigos que se limitaram a fuxicar entre si e não me fizeram passar trinta vezes pelo comentário: - engordou um pouquinho, né, Minha? *

Bom, voltei. Aqui estou eu. Linda e magra pra que a Europa me veja e eu possa esfregar em sua cara que, sim, eu sou capaz de ficar por aqui sem cair de boca em zil kit kats. Uma palavra descreve: orgulho.

Que bom, hein?

Sim. Seria ótimo se eu não fosse, original e internamente, uma pessoa ansiosa. Digo internamente porque quem olha, nem percebe. Aparentemente sou super calma, que explodo por dentro e tenho alergias, azias e, pior de tudo, queda de cabelo.

Que-da-de-ca-be-lo.

Quer dizer... Cascata de cabelo. Catarata de cabelo. Foz-do-Cabelo. Sete Quedas do Cabelo. Cabelo Falls.

Muita pena de quem mora comigo. Muita pena. Muita pena de quem faz curso comigo, de quem pega metrô comigo, de quem senta ao meu lado nos restaurantes e cafés. Muita pena.

Então agora eu fico assim, impossibilitada de puxar o cabelo. Gil que me perdoe, mas nada de puxar cabelo por aqui. Estou mais é para fazer uma campanha:

Preservem os Fios de Cabelo da Baiana Amalucada

Você, barceloneta! Você, turista! Que anda por e esbarra a todo o tempo em cabelos por todos os lados, não fique com raiva! Tenha pena dessa pobre baiana que não pode controlar sua ansiedade e, apesar de manter os cabelos presos, para o bem de todos e felicidade geral da nação (catalã), não pode evitar que um ou outro escape. Ajude nessa causa! Junte 10 fios de cabelo e troque por uma fitinha do Senhor do Bomfim.

*Todos os fios serão revertidos para a confecção de uma peruca a ser usada pela própria baiana quando necessário.