segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dos sotaques

A gente sabe que está pegando o jeito de um novo idioma quando começa a reconhecer os diferentes sotaques.

Até alguns dias atrás, eu sabia que algumas pessoas eu tinha mais facilidade e outras mais dificuldade em entender. Sabia também que essas pessoas eram de diferentes lugares, de diferentes países, de diferentes regiões. Mas ouvir um sotaque é muito mais do que isso.

So-ta-que.

Só de pronunciar devagarinho a palavra já dá uma quenturinha, um risinho por dentro.

Ouvir um sotaque é ouvir o canto, ouvir a ginga, ouvir o ritmo, a cadência. É identificar um povo pelos ouvidos, achar que aquilo lhe soa bem ou lhe soa mal. É gostar de cara de alguém só por causa daquele jeitinho de falar. É, às vezes, antipatizar uns e outros também. É rir por dentro de ouvir tantos e tantos "cachay?!" e sentir medo de ser cuspido a cada pronuncia de um C ou de um Z. É se surpreender por haver, por trás do acento forte e da voz rouca, uma pessoa doce.

Hoje eu identifiquei o meu primeiro sotaque, conversei malemolentemente com uma colombiana.

Hoje eu me orgulhei, mais uma vez, por ter o meu acento confundido com o dos hermanos argentinos - palavras de uma catalã.

Sigo com minha baianidade, que o meu "colé de merma" eu não perco nunca, mas adestrando os ouvidos para prestar atenção aos sons do mundo lá fora...

Um comentário:

Ana disse...

Amiga,

Que saudade que dá de ouvir o seu sotaque!

Saudade, saudade, muita saudade!!!

Bjs

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