segunda-feira, 19 de julho de 2010

Habemus Carteira

Agora toda vez que eu abro a minha bolsa tem lá uma carteira nova.

Eu tenho muito apego a determinadas coisas, mas as piores, decerto, foram essa carteira que o %$&%$# do ladrão me roubou e um pente de madeira que eu esqueci dentro do carro no sol. O pente entortou todo. Mas vocês pensam que eu joguei fora? Não... Não é a minha cara jogar fora pentes de madeira de estimação que tenho há bem uns cinco anos. E esse era tão de estimação, mas tão de estimação, que eu sabia se outra pessoa tinha usado pelo cheiro (sim, eu cheirava esse pente. E não, não ouço sirenes na rua ou homens adentrando a casa com aquele famoso casaco branco de mangas longas). Aí, de tão torto, o pente quebrou. E eu colei. E segui usando até que ele quebrou em quatro partes e eu fiz um enterro do pente.

Foi uma luta comprar outro pente. Uma luta. Anos e anos até achar o pente ideal. Até que, numa viagem, vi uma amiga com um pente que, poxa, encheu meus olhos. Perguntei onde ela tinha comprado, porque certeza que eu voltaria do Capão naquele momento e pagaria quanto fosse pelo tal pente.

Bom, não foi tão difícil achar o pente no BomPreço. Sim, esse mesmo BomPreço que antes era o glamouroso Paes Mendonça. Olha, mas foi a felicidade mais barata de minha vida. Eu era só alegria com meu novo pente, levava na bolsa, cheirava... (Sirenes?? Onde? Onde???). Aí, de tanto amor, esqueci o pente em um lugar qualquer. Eu estava no Rio e até liguei pra lugares pra procurar o pente depois, mas, nada.

Sofri muito...

Juan, vendo meu sofrimento, numa viagem que fez por Pernambuco, me trouxe uns seis pentes de madeira. Foi uma alegria! Eu deixava cada um em um lugar estratégico da casa e, os melhores, um na bolsa e outro no banheiro, bem guardadinho. Mesmo assim, não satisfeita, todas as vezes que ia nessa tão renomada loja - BomPreço - procurava pra ver se achava o tal pente igual ao anterior. Um belo e feliz dia eu achei, e hoje vivemos todos felizes: eu, os meus zil pentes de madeira e o meu olfato.

Pois a carteira, eu nem tinha procurado outra... O sofrimento de perder essa carteira foi tanto, mas tanto, que me sentia traindo a sua memória de sequer pensar, de longe, que poderia comprar outra. E o tempo foi passando e há mais de três meses que eu ando com um troço vergonhoso na bolsa a título de guardar o dinheiro, e tenho um monte de moedas espalhadas por aí. Triste.

Mantenho a esperança de que achem minha carteira. Confio na bondade do ladrão e na justiça espanhola. Fé, hein?! Todos aí na corrente.

Mesmo assim, ontem, na feira d'El Rastro, vi umas carteiras... Nada comparadas à minha, verdade, mas até boazinhas... Comprei. A cor igual à da minha, o modelo bem parecido, as divisões internas, o cheiro (ai, gente, eu sou doida! Cheiro tudo de couro. Tudo!)...

E o pior é que agora toda vez que abro a bolsa e vejo que habemus carteira, bate uma felicidadezinha interna...

Não conta para minha carteira antiga, tá, gente?